Após mais de sete horas de sessão, a
Câmara dos Deputados concluiu na madrugada desta quarta-feira (30) a votação do
pacote que reúne um conjunto de medidas de combate à corrupção. O texto segue
agora para o Senado.
Ao longo da madrugada, os deputados aprovaram diversas
modificações ao texto que saiu da comissão especial e incluíram temas
polêmicos, como a punição de juízes e membros do Ministério Público por crime
de responsabilidade. Essa previsão havia sido incluída pelo relator do texto,
deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), mas retirada pelo próprio relator
posteriormente.
A emenda foi apresentada pela bancada
do PDT e lista as situações em que juízes e promotores poderão ser processados,
com pena de seis meses a dois anos de reclusão. A legislação atual já prevê o
crime de abuso de autoridade, mas é mais genérica.
Entre as condutas que
passariam a ser crime estariam a atuação dos magistrados com motivação
político-partidária e a apresentação pelo MP de ação de improbidade administrativa
contra agente público "de maneira temerária". Nesse caso, além de
prisão, os promotores também estariam sujeitos a indenizar o denunciado por
danos materiais e morais ou à imagem que tiver provocado.
Os deputados também rejeitaram a
proposta que previa que os acordos de leniência (espécie de delação premiada em
que empresas reconhecem crimes em troca de redução de punição) fossem
celebrados pelo Ministério Público. Outro trecho retirado tornava crime o
enriquecimento ilícito de funcionários públicos e previa o confisco dos bens
relacionados ao crime.
A criminalização do caixa dois (doação de campanha não
declarada à Justiça Eleitoral), que foi centro de polêmica nos últimos dias,
foi aprovada sem qualquer tipo de anistia para eleições anteriores. Pelo texto
aprovado, a prática passa a ser condenada com pena de dois a cinco anos de
prisão e multa. O caixa dois praticado em eleições passadas continuará sendo
enquadrado na legislação eleitoral de hoje. Em tese, quem tiver recebido
dinheiro eleitoral ilegal pode responder por crimes como falsidade ideológica e
lavagem de dinheiro.
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